quinta-feira, 2 de julho de 2009

E depois do...paraíso

Depois do paraíso a bela rotina voltou a instalar-se agora com uns novos "add-ons".

Tenho seguido à risca (risca torta) o plano de detox...desde as algas marinhas, às sopas e sumos de fruta...bani comidas com conservantes e corantes e com tudo o resto que eu não conheço e que me parece químico. Agora os cereais são integrais com pouco sabor mas nenhuma maldade :) para este corpinho danone. O plano de detox também exige muita água...tem ido alguma (entre 1l a 1,5l por dia) e ginásio 2hrs por semana.
Tendo conseguido tudo isto...resultados resultados já há alguns. Notam-se melhorias a nível da digestão, da pele e da boa disposição/energia... muito bom!

Ainda agora cheguei (faz 2 meses amanhã) e já vou planear a próxima viagem cujo destino será... África novamente.

Está na altura de reviver experiências passadas em Angola, mas agora numa outra terra : Moçambique.

Deixo aqui um report de uma escritora que no mínimo comprovou as minhas teorias relativas ao meu mais que tudo e que despertou em mim um interesse adicional em visitar Moçambique.

Apesar de tudo, Margarida Rebelo Pinto
29 May 09

Os paraísos servem-nos para esquecer que o resto do mundo existe ou para nos lembrar que o mundo pode ser um lugar melhor? Depois de uma semana em Moçambique, onde visitei Maputo e as belas ilhas do Bazaruto e de Santa Carolina, regressei de África com a sensação de ter visitado uma outra face da terra.

Por mais filmes que se vejam, mais livros que se leiam, por mais documentários e notícias que nos passem debaixo dos olhos, África só pode ser absorvida, entendida e sentida in loco, com as suas cores e os seus cheiros, a sua beleza e a sua miséria, a sua música e a sua magia, a sua imensidão e as suas gentes. Foi preciso ir a África para finalmente perceber a nostalgia incurável, qual malária do coração, dos que lá nasceram, cresceram ou viveram, e que a descolonização obrigou a uma partida forçada.

O que mais me tocou em Moçambique foi o povo moçambicano: educado, afável, tranquilo, feliz. Apesar da miséria, apesar da fome, apesar das doenças, apesar de tudo. África é um continente sem filtro; tudo se vive à flor da pele e em carne viva. E tudo é brutal, seja o belo ou o horrendo. Mas os moçambicanos possuem uma doçura que deve ser só deles e que me conquistou para sempre. Viajei para lá contente e regressei feliz. Fui leve e voltei ainda mais leve.

À parte do clássico episódio da intoxicação alimentar, tive uma viagem de sonho, não só pela beleza de tudo o que vi, pela forma como fui tratada. Os empregados do Pestana Lodge no Bazaruto já sabiam o meu nome desde o segundo dia e quando foi preciso tratar da maleita, fizeram-me canja, maçã cozida e não descansaram enquanto não me viram outra vez com cores na cara. Ora este tipo de atenção não está incluído naquilo a que chamamos serviço de luxo. Um calor genuíno fez-me pensar como nos relacionamos com os outros, independentemente daquilo que eles nos possam dar em troca. Uma atitude generosa gera quase sempre generosidade do outro lado. A paz puxa a paz, a bonomia puxa a bonomia, a empatia gera empatia.

Não sei quando voltarei a África nem sequer se o que lá vivi perdurará na minha existência, mas tenho a certeza de que aprendi mais do que penso, de que vi mais do que acredito ter visto e de que guardei mais do que agora me lembro. O que eu sei é que me ficou na pele aquela forma de ser e de estar moçambicana, os sorrisos que dão a volta à cara toda, as músicas entoadas nas carrinhas de caixa aberta que atravessam a cidade ao fim-de-semana com dezenas de homens e mulheres a caminho de um casamento, a alegria natural e espontânea que nunca pode ser fingida nem fabricada. Há muito amor em Moçambique. Muito amor e muito prazer, apesar da fome, apesar da miséria, apesar de tudo.

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