sábado, 26 de julho de 2008

Cracóvia - o berço da Polónia

Estive 3 dias incríveis em Cracóvia e é um local lindíssimo, que com certeza vale a pena visitar. Por ser uma cidade antiga, mantém os seus traços rústicos e as suas inúmeras paisagens naturais (parques naturais, jardins dentro da cidade, rios,...). Muito bem cuidada, escapou quase imune aos ataques da 2ª guerra mundial e a toda uma série de invasões de que foi vítima.

Localiza-se no sul do país, nas margens do rio Vístula. Tem cerca de 779 mil habitantes. Foi fundada por volta do ano 700, sendo capital da Polônia entre 1320 e 1596. Foi atacada e devastada pelos mongóis em 1241, 1259 e 1287. Fez parte da Áustria, com o nome de Krakau, de 1795 a 1809 e de 1846 a 1914.

O Centro Histórico de Cracóvia foi inscrito pela UNESCO em 1978 na lista do Património Mundial.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Crac%C3%B3via)

Das inúmeras visitas turísticas interessantes que se pode ter em Cracóvia (Parque Natura
l, Auschwitz,..) talvez a que mais me surpreendeu foi a minha do sal.

Reza a lenda que Santa Cunegunda, filha de um rei húngaro, foi prometida ao rei da Polónia. Ao receber do pai, como dote, muito ouro e pedras preciosas, recusou-as, dizendo que tinham origem nas lágrimas e no sangue do povo. Em vez de riquezas, pediu sal, um bem essencial. Seu pai, ofereceu-lhe então uma mina de sal na Transilvânia.

Em homenagem ao presente, Cunegunda atirou o seu anel para dentro da mina. Mais tarde, já na Polónia, realizou uma viagem por Cracóvia, chegando à zona de Wieliczka, onde pediu aos seus
súbditos que cavassem um buraco profundo.

Para espanto de todos, o buraco continha sal em abundância. E continha também o anel que Cunegunda deixara na Transilvânia.

A partir dessa altura, as minas passaram a ser exploradas e tornaram-se da maior importância na Europa. Esta lenda está representada numa das galerias da mina, através de esculturas realizadas pelo mineiro Mieczyslaw Kluzek




Em Cracóvia, fica Kazimierz, o bairro judeu mais famoso do país. Foi fundada em 1335 pelo Rei Kazimierz e posteriormente ligada à cidade de Cracovia, no ano de 1801.
Foi no século XV, sobre as ordens do rei Jan Olbracht, que se instalaram os judeus. Graças a 400 anos de paz , Kazimierz torna-se um lugar cultural irradiante.. até à exterminação nazista de 50, 000 pessoas (em 1939 existiam 70,000 sobre 26,0000 habitantes) que viviam aqui..hoje apenas resta uma pequena comunidade com algumas centenas de membros.

Gueto de Cracóvia

Em 1939, 60.000 judeus residiam em Cracóvia, quase um quarto de uma população total de aproximadamente 250.000.

O exército alemão ocupou Cracóvia na primeira semana de setembro 1939. A perseguição dos judeus começou imediatamente e intensificou-se após os alemães terem declarado Cracóvia a capital do General gouvernement, a área da Polónia que a Alemanha não anexou directamente às suas províncias orientais.


Na cidade, o castelo de Wawel transformou-se na residência do advogado nazista Hans Frank, que tinha sido apontado governador geral da Polónia.

Em 1942, o campo de Plaszóvia foi estabelecido no sul da cidade como um campo de trabalho forçado para os judeus de Cracóvia. Em 1944, Plaszóvia transformou-se num campo de concentração (posteriormente destruído aquando do fim da guerra).

Em Maio 1940, os alemães começaram a expulsar os judeus de Cracóvia para o campo vizinho. Em Março de 1941, a maioria dos judeus havia sido enviada para o campo.

Apenas aproximadamente 15.000 remanesceram em Cracóvia. No início de Março de 1941, os alemães requisitaram o estabelecimento de um gueto, situado em Podgorze, no sul de Cracóvia, melhor do que o de Kazimierz, o quarteirão judeu tradicional da cidade.

Os alemães concentraram os judeus restantes de Cracóvia no gueto. Quase 20.000 judeus foram confinados no gueto, que foi cercado por arame farpado e por um muro de pedra.

Em Março de 1943, os alemães destruíram o gueto de Cracóvia. Mais de 2.000 pessoas foram deportadas para Auschwitz-Birkenau e assassinadas. O resto da população do gueto foi deportada para o campo de Plaszóvia.

Cracóvia permaneceu como o assento administrativo do Generalgouvernement até os alemães evacuarem a cidade em janeiro de 1945. Forças soviéticas libertaram Cracóvia naquele mês.

(FONTE: http://alistadeschindler.com/GuetoDeCracovia; United States Holocaust Memorial Museum)


Cracóvia e A Lista de Schindler


O filme A Lista de Schindler foi filmado em Cracóvia, curiosamente as cenas do gueto e cenas exteriores foram filmadas junto à praça onde fiquei hospedada. Foi interessante a sensação de dejá-vu que tive quando vi aquela praça e que mais tarde pude associar ao filme.


A 1ª fábrica de Schindler também está em Cracóvia, no entanto encontra-se para manutenção, será transformada em Museu, creio que já no próximo ano. Valerá a pena visitar.

Óscar Schindler

Era um homem "especial", inteligente para os negócios, passava por cima de todos para ter o que pretendia. Subornava e deixava-se subornar. Foi para Cracóvia com um único objectivo Fazer Dinheiro no mercado negro. Começou por instalar-se num apartamento luxuoso no centro da cidade. Pediu a colaboração de uma judia altamente qualificada em decoração de interiores e assim começou a sua relação com os judeus. Ao decidir montar uma fábrica de panelas e objectos do estilo, acabou por empregar judeus qualificados e famílias e amigos desses judeus, de forma a evitar que os mesmos fossem para campos de concetração. O seu bom coração deixou-se sensibilizar pelas histórias que ouvia diariamente e pela crueldade que via na rua. A partir do momento em que soube que o plano de Hittler era exterminar os Judeus começou a comprá-los, para salvar-lhes a vida.

Viu-se obrigado, a meio da guerra, a sair de Cracóvia e a ir para a Checoslovaquia onde abriu uma fábrica de armas, balas,... Porque manteve as mesmas pessoas que trabalhavam para ele na fábrica anterior, não tinha pessoal qualificado para este novo negócio. Porque também nunca quis contribuir para a guerra, da sua fábrica jamais sairia uma arma capaz de disparar uma bala. Assim, Oscar Schindler comprava a outras fábricas munições que depois vendia ao governo. O objectivo era que nunca ninguém desconfiasse que a sua fábrica era uma farsa e que o objectivo de Schindler era o de salvar as mais de 1000 pessoas que dele dependiam.

No fim da guerra teve de abandonar a sua fábrica e fugiu levando com ele uma carta assinada pelos "seus" judeus. Foi posteriormente declarado como Pessoa Justa, tendo plantado uma árvore na Avenida dos J
ustos, em Jerusalém. Viveu muitos anos na Argentina, onde tinha campos de produção de vinho, mas nunca mais teve sucesso nos negócios, após o término da guerra. Morreu a 9 de Outubro de 1974.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Auschwitz - Parte 2

Histórias relatadas por quem experienciou na1ª pessoa alguns dos crimes que foram cometidos no campo de concentração...



uma visão do campo de Birkenau, o maior campo de exterminação



- prisioneiros eram obrigados a assistir à cremação de corpos no campo. Os próprios prisioneiros eram responsáveis pelo transporte de corpos desde as câmaras de gaz até ao recinto aberto, perplexos frequentemente viam membros das suas famílias de entre os milhares de corpos estendidos.



- Diariamente eram assassinadas mais de cem pessoas a tiro. Colocadas em filas, junto a valas abertas já repletas de corpos, eram mortas a tiro e os seus corpos instantaneamente atirados para a vala. De entre as várias pessoas que foram mortas, o caso de uma vítima é especial... Uma jovem mulher foi somente ferida na perna mas o seu corpo caiu também para a vala, onde permaneceu inconsciente em cima de muitos outros corpos já sem vida. Porque era noite, as SS retiraram-se do local, e quando a jovem judia acordou, conseguiu escapar até à sua barraca...os prisioneiros ficaram incrédulos com a sua história.

- havia muitos políticos presos, apenas por serem contra Hitler e os seus ideais. Eram severamente castigados no campo, turturados constantemente.
Frequentemente eram colocados em salas divididas em quadrados com muros de tijolo, onde cabiam à volta de 4 pessoas...só que em vez de 4 pessoas eles colocavam 8 ou mais, de forma a que não tivessem espaço para se sentarem...durante as próximas 12 horas em que permaneceriam lá. Esta tortura durava por vezes 4, 5 noites...e todos os dias de manhã os prisioneiros teriam de voltar ao trabalho, mesmo após terem estado toda a noite de pé, noite após noite após noite.

Por serem alvo de humilhações em público e de torturas diárias muitos foram aqueles que quiseram escapar ( 802 pessoas escaparam, maioritariamente Polacos - 757 homens e 45 mulheres. Apenas 144 tiveram exito, 327 foram apanhados e muitos outros mortos).

Sempre que um prisioneiro escapava, todo o campo era chamado para a contagem, por vezes permaneciam 12 horas de pé, com mais de 20 graus negativos, chuva, vento e neve. Qualquer prisioneiro apanhado em fuga era morto, mas sempre que isto acontecia, o preço era pago também pelos 10 ou 12 prisioneiros que trabalhassem com o fugitivo nos campos de trabalho...eram mortos enforcados, para dar o exemplo!!

- Vulgarmente os polacos civis que viviam na cidade de Auschwitz e trabalhavam nas fábricas ou campos de trabalho, ajudavam à fuga de muitos prisioneiros. Sempre que tal era conseguido, as SS faziam buscas para encontrar quer o prisioneiro fugitivo quer o civil que o ajudou a fugir...se não encontrassem o civil, prendiam toda a sua família até ele aparecer. Quando finalmente aparecia, era morto no campo, para dar o exemplo! A sua família era libertada.

- No Verão as barracas onde dormiam os prisioneiros, atingiam muitas vezes mais de 40ºC... e com todas as doenças e falta de higiene o mau cheiro apoderava-se, trazendo com ele milhares e milhares de insectos que se instalavam por baixo das mantas que cobriam os finos colchões de cada "cama". A praga era de tal dimensão, que as mantas mexiam-se a olho nú derivado à quantidade de insectos que permanecia por baixo delas.

- Auschwitz tinha capacidade para instalar 10 mil prisioneiros no início da guerra...todos os outros campos juntos acomodavam 25 mil pessoas. Em 1943 Auschwitz era já conhecido como o campo de exterminação, onde o objectivo era matar. Comboios e comboios com milhares de pessoas eram levados de muitos campos de concentração e fábricas de trabalho para lá. Já não era feita qualquer selecção e por isso todas as pessoas iam para as câmaras de gaz. Como essas casas eram muito pequenas não suportavam de uma só vez as milhares de pessoas que viajaram juntas.

Assim, foram construídas barracas em frente a essas câmaras, onde os prisioneiros esperavam dias e dias para morrer. De hora em hora eram levados dessas barracas centenas de pessoas para a morte. Os que ainda ficavam à espera, podiam ver os seus destinos crueis por entre as janelas, ouviam os gritos das vítimas e o silencio ensurdecedor apenas após alguns breves minutos. Viam carrinhos de mão a sairem com os corpos e serem levados para os crematórios. Diz-se que foi o acto mais cruel cometido nos campos de concentração...não me custa a acreditar!

- Porque o desespero era muito, apesar das poesias que os prisioneiros criavam, das musicas que inventavam e das orações que rezavam, por forma a esquecer a realidade dura que os rodeava... muitos foram os que tentaram o suicídio...atirando-se contra as vedações que envolviam o campo e que os electrocutava de forma instantanea


Fim da 2ª parte

domingo, 20 de julho de 2008

Holocausto - a visita a Auschwitz, Polónia Parte 1

Visitei Auschwitz I e II, no dia 4 de Julho, o dia da independência e liberdade para alguns (americanos) mas para mim o dia em que vi a maior prisão e violação dos direitos humanos...


Nesta primeira parte da história importa apenas contextualizar o maior crime contra os direitos humanos relatado na história Mundial, que decorreu entre 1939 e 1945 em diversos países europeus, incluindo a Polónia.

"há muito muito pouco tempo atrás, morreram 6 milhões de judeus e mais de 1,5 milhões de outras minorias pelo nazismo".

"Na tarde de 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas libertaram Auschwitz, o maior complexo de campos de concentração e extermínio construído pelo regime nazista. Nas suas câmaras de gás e fornos crematórios, foram assassinadas, aproximadamente, 1,3 milhão de pessoas, das quais cerca de 1 milhão eram judias.

As restantes eram
militantes não aliados como os comunistas ou os fracos como os homossexuais, marginalizados como os ciganos, eslavos, negros, deficientes, prisioneiros de guerra soviéticos, membros da elite intelectual polaca, russa e de outros países do Leste Europeu, activistas políticos, objetores de consciência como as Testemunhas de Jeová, alguns sacerdotes católicos e sindicalistas, pacientes psiquiátricos e criminosos de delito comum


Vítimas tentavam enviar cartas para os familiares. Essas cartas fortemente censuradas pelos SS, eram posteriormente entregues aos seus destinatários, onde se podiam ler frases como: "Tenho saudades vossas, mas estou bem, é uma nova vida". Cartas não-censurados, eram entregues a civis polacos que trabalhavam nas mesmas fábricas onde trabalhavam também os prisioneiros.




Desenhos e relatos eram enterrados na terra, para não serem descobertos pelos SS.



Ao entrar nos campos, os soldados russos encontraram 7,6 mil prisioneiros doentes e famintos e enormes pilhas de roupas, sapatos, óculos, panelas, escovas de dentes, escovas de cabelo, membros artificiais (pernas) e restos mortais, além de 800 toneladas de cabelo humano, que serviam para enchimento de travesseiros.




Factos

Causas da Segunda Guerra Mundial
- Projectos militares: Alemanha, Itália e Japão (Eixo) com intenções expansionistas
- Desrespeito ao Tratado de Versalhes por parte da Alemanha (produção de armamentos, aumento do exército)
- 1939: Alemanha invade a Polónia: Inglaterra e França declaram guerra à Alemanha

Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
- EIXO (Alemanha, Itália e Japão) x ALIADOS (Inglaterra, URSS, França e EUA)
- Eixo liderado por Hitler
- Hitler persegue, prende em campos de concentração e ordena o assassinato de aproximadamente 6 milhões de judeus e 1,5 milhões de outras minorias ( Holocausto).
-1939 a 1941 : vitórias do Eixo
- Ofensiva japonesa: ataque a Pearl Harbor em 1941 e entrada dos EUA na guerra
- 1941 a 1945: reacção dos Aliados
- O Dia D : ataque dos aliados na Normandia
- 1945: Alemanha assina a rendição e suicídio de Hitler
-1945: EUA atiram bombas Atómicas no Japão (Hiroshima e Nagasaki)

Com o final do conflito, em 1945, foi criada a ONU ( Organização das Nações Unidas ), cujo objectivo principal seria a manutenção da paz entre as nações.


Fontes: http://www.un.org/av/radio/portuguese/detail/2084.html; http://pt.shvoong.com/humanities/1690672-holocausto/; http://www.tg3.com.br/2gm/segunda_guerra_mundial.html; http://www.suapesquisa.com/segundaguerra/

Fim da parte 1

Na parte 2: crimes cometidos, experiências médicas, os fugitivos mal sucedidos, as epidemias, as casas de banho, a comida, os bens valiosos, a selecção de aptos e inaptos, o processo de exterminação, a frase "O trabalho irá libertar-vos"...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Intro...


Olá a quem me lê...

Este blog foi-me sugerido pela minha irmã, blogista já há alguns anos :) surgiu na sequência de uma conversa sobre o desejo de partilhar experiências de viagens. Não sou muito viajada, mas algumas das viagens que fiz foram especiais, quer em termos pessoais quer em termos da própria cultura/história dos locais que visitei.


(Fonte: http://www.travelworldiowa.com/sitebuildercontent/sitebuilderpictures/trees.gif)

Gostaria que as minhas descrições fossem úteis a quem um dia quiser visitar locais por onde já passei. Por outro lado, com esta partilha, também pretendo reavivar acontecimentos históricos passados nesses locais que interessa conhecer ou dedicar alguns segundos da nossa atenção para os respeitar ainda mais.

Espero que com a contribuição da minha memória falaciosa e com a contribuição daqueles que partilharam na primeira pessoa, também eles, estas experiências, possamos construir relatos interessantes.

"The show must go on", por isso mãos à obra!